domingo, 23 de outubro de 2016

Três Cantos

Três Cantos

Quando se brinca contente
Ao despontar da existência
Nos folguedos de inocência,
Nos delírios de criança;
A alma, que desabrocha
Alegre, cândida e pura —
Nesta contínua ventura
E' toda um hino: — esperança!

Depois... na quadra ditosa,
Nos dias da juventude,
Quando o peito é um alaúde,
E que a fronte tem calor:
A alma que então se expande
Ardente, fogosa e bela —
Idolatrando a donzela
Soletra em trovas: — amor!

Mas quando a crença se esgota
Na taça dos desenganos,
E o lento correr dos anos
Envenena a mocidade;
Então a alma cansada
Dos belos sonhos despida,
Chorando a passada vida —
Só tem um canto: — saudade!

Casemiro de Abreu - Fevereiro, 1858

Luís de Camões

Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói, e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;
É um andar solitário entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É um cuidar que se ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?

Monte Castelo

Monte Castelo
Renato Russo
 
Ainda que eu falasse a língua dos homens
E falasse a língua dos anjos
Sem amor eu nada seria

É só o amor, é só o amor
Que conhece o que é verdade
O amor é bom, não quer o mal
Não sente inveja ou se envaidece

O amor é o fogo que arde sem se ver
É ferida que dói e não se sente
É um contentamento descontente
É dor que desatina sem doer

Ainda que eu falasse a língua dos homens
E falasse a língua dos anjos
Sem amor eu nada seria

É um não querer mais que bem querer
É solitário andar por entre a gente
É um não contentar-se de contente
É cuidar que se ganha em se perder

É um estar-se preso por vontade
É servir a quem vence, o vencedor
É um ter com quem nos mata a lealdade
Tão contrário a si é o mesmo amor

Estou acordado e todos dormem
Todos dormem, todos dormem
Agora vejo em parte
Mas então veremos face a face

É só o amor, é só o amor
Que conhece o que é verdade

Ainda que eu falasse a língua dos homens
E falasse a língua do anjos
Sem amor eu nada seria
http://olivrodosdias-interpretacao.blogspot.com.br/2012/06/interpretacao-monte-castelo.html

Mortal Loucura

(Gregório de Matos / José Miguel Wisnik)

Na oração, que desaterra......... a terra (aterra),
Quer Deus que a quem está o cuidado.... dado,
Pregue que a vida é emprestado........... estado,
Mistérios mil, que desenterra.............. enterra.

Quem não cuida de si, que é terra,.......... erra,
Que o alto Rei, por afamado............... amado,
É quem lhe assiste ao desvelado............. lado,
Da morte ao ar não desaferra,.............. aferra.

Quem do mundo a mortal loucura.......... cura,
A vontade de Deus sagrada.................. agrada
Firmar-lhe a vida em atadura................. dura.

Ó voz zelosa, que dobrada..................... brada,
Já sei que a flor da formosura,............... usura,
Será no fim desta jornada....................... nada.

http://lendocancao.blogspot.com.br/2016/03/mortal-loucura.html