sábado, 20 de outubro de 2012

JOÃO NOGUEIRA


Gago Apaixonado

João Nogueira

Mu-mu-mu-mulher em mim fi-fizeste um estrago
Eu de nervoso tô fi-fi-ficando gago
Não po-posso su-suportar com a cru-crueldade
Da saudade
E que-que-que-que maldade
Vi-vi-vi-vivo sem afa-fa-fago
Tem pe-pe-pena desse moribundo
Que já vi-vi-vi-vi-vi-virou vagabundo
Só-só por ter so-so-so-so-sofri-fri-do
Tu-tu-tu-tu tens o co-coração fi-fi-fingido
Mu-mu-mu-mulher em mim fi-fizeste um estrago
Eu de nervoso tô fi-fi-ficando gago
Não po-posso su-suportar com a cru-crueldade
Da saudade
E que-que-que-que maldade
Vi-vi-vi-vivo sem afa-fa-fago
O teu co-coração tu me entregaste
E depo-pois tu me to-to-to-ma-maste
A tu-tua fa-falsidade é pro-pro-profu-funda
Tu-tu-tu vais fi-fi-ficar corcunda

De Babado

João Nogueira

REFRÃO:
De babado, sim
Meu amor ideal
Sem babado não.
Seu vestido de babado,
Que é de fato alta-costura,
Me fez sábado passado
Ir a pé a Cascadura.
(E voltei de cara-dura!)
REFRÃO
Com um vestido de babado
Que eu comprei lá em Paris
Eu sambei num batizado
Não dei palpite infeliz.
(Você não viu porque não quis!)
REFRÃO
Quando eu ando a seu lado
Você sobe de valor,
Seu vestido sem babado
É você sem meu amor.
(É assistência sem doutor!)
REFRÃO
Quando andei pela Bahia
Pesquei muito tubarão,
Mas pesquei um bicho um dia
Que comeu a embarcação.
(Não era peixe, era dragão!)
REFRÃO
Brasileiro diz meu bem
E francês diz "mon amour",
Você diz: vale quem tem
Muito dinheiro pra pagar meu "point-à-jo"
(Eu ando sem "I'argent toujours!")
REFRÃO
Vou buscar um copo d'água
Pra dar à minha avó,
Não vou de bonde porque tenho mágoa,
Não vou a pé porque você tem dó.
(Vamos comprar o Mossoró¹!)
REFRÃO MODIFICADO:
De cavalo, sim
Meu amor ideal
Sem cavalo, não
(Mas o cavalo de babado...)



Forças da Natureza

João Nogueira

Quando o sol se derramar em toda sua essência
Desafiando o poder da ciência
Pra combater o mal
E o mar
Com suas águas bravias
Levar consigo o pó dos nossos dias
Vai ser um bom sinal
Os palácios vão desabar
Sob a força de um temporal
Os ventos sufocar um barulho infernal
Os homens vão se revelar
Desta farsa descomunal
Vai voltar tudo ao seu lugar
Afinal
Vai resplandescer
Uma chuva de prata do céu vai descer
O esplendor da mata vai renascer
E o ar de novo vai ser natural
Vai florir,
cada grande cidade no mato vai cobrir
Das ruínas um novo povo vai surgir
Que vai cantar afinal
As pragas e as ervas daninhas
As armas e os homens do mau
Vão desaparecer nas cinzas de um carnaval


Poder da Criação

João Nogueira

Não, ninguem faz samba só porque prefere
Força nenhuma no mundo interfere
Sobre o poder da criação
Não, não precisa se estar nem feliz nem aflito
Nem se refugiar em lugar mais bonito
Em busca da inspiração
Não, ela é uma luz que chega de repente
Com a rapidez de uma estrela cadente
Que acende a mente e o coração
É faz pensar que existe uma força maior que nos guia
Que está no ar
Bem no meio da noite ou no claro do dia
Chega a nos angustiar
E o poeta se deixa levar por essa magia
E o verso vem vindo e vem vindo uma melodia
E o povo começa a cantar, lá laia laiá
Lá lá laía laiá

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